FoMERCO e MERCOSUL
Gisálio Cerqueira Filho
Sob a presidência da Professora Ingrid Sarti (UFRJ),
atualmente na UNILA (Universidade Federal da de Integração Latino-americana),
reúne-se o Fórum Universitário Mercosul (FoMERCO) para o seu XIII Congresso
Internacional. O tema do encontro será “Por uma integração ampliada da
América do Sul no século XXI” e ocorrerá com os auspícios da Alta Representação
Geral do Mercosul, associado ao Instituto Cultural Brasil‐Uruguay (ICBU).
O encontro será acolhido pelo Centro de Formación para la
Integración Regional (CEFIR) e pela Universidad de la República del Uruguay
(Udelar), e será realizado no Edifício
Sede do Mercosul, em Montevidéu, de 21 a 23 de novembro de 2012.
Em assim sendo, os preparativos para
o congresso já estão ocorrendo e nos solicitam algumas palavras nesta hora
crucial na região.
São muitas as questões a exigir
reflexão e certamente as mais recentes são a suspensão do Paraguai e a entrada
da Venezuela no MERCOSUL. Seguramente a evolução dos acontecimentos estará
fortemente condicionada pelo processo eleitoral a acontecer em ambos os países
e, sobretudo, o resultado eleitoral propriamente dito. A integração ampliada da
América do Sul depende muito, com certeza, dos acontecimentos políticos antes
do fim ano de 2012, inclusive o resultado eleitoral nos EUA.
Todavia, nossas reflexões, às
vésperas dos diversos pleitos, concentram-se precisamente nas relações
comerciais entre Brasil e Argentina. Ambos os países, esteios do Mercosul,
passam por dificuldades e sofrimentos. A Argentina mira uma fase na economia
que a compromete com barreiras comerciais que afetam decisivamente as
exportações brasileiras. No cenário em marcha não se exclui a elevação das
taxas de inflação e até a instabilidade política diante de múltiplas
circunstâncias políticas que já começam a tomar forma. Recentemente as ruas de
Buenos Aires foram tomadas por um panelaço e buzinaço que anunciam novas
manifestações estrepitosas. E com acusações recíprocas das forças governistas e
de oposição.
De abril a julho de 2012 as vendas
do Brasil caíram US$ 6,1 bilhões sobre igual período de 2011 e tão somente os
argentinos foram responsabilizados por
32 % da redução. Corresponde a US$ 1,96 bilhão das compras de produtos
brasileiros. Comparativamente falando, a União Europeia, na presente situação
de crise, importou menos 27% do total do tombo das vendas brasileiras.
A variação para baixo aconteceu em
praticamente todas as categorias (bens
duráveis, não duráveis, combustíveis, bens de capital e intermediários). As
maiores perdas foram na indústria, sobretudo em bens de capital (-14%) e de bens
de consumo duráveis (-12%), dos quais os principais compradores são os
argentinos, com 60% do total exportado pelo Brasil.
Que a redução está relacionada a barreiras comerciais
impostas pela Argentina não há dúvida. Todavia, muitos economistas dizem que
isso se deve ao alvo argentino de encerrar o ano de 2012 com superávit
comercial. A troca de produtos chineses pelos produtos brasileiros tem sido um
verdadeiro achado na conjuntura econômica argentina. Dificuldades correntes de
crédito internacional, o que não é o caso do Brasil, parece oferecer ao parceiro
do Mercosul esta saída “chinesa”, que talvez ofereça oportunidade de ouro ou
seja seria verdadeiramente um “negócio
da China”.
Todavia muitos sociólogos e cientistas políticos dizem que
isso poderá minar a credibilidade da integração econômica e permitir fissuras
no bloco.
Qualquer que seja a reflexão de natureza econômica ou mesmo
comercial deve levar em consideração muito atenta as relações de confiança
recíproca que foram alcançadas e que não devem ser lançadas ao mar. Esse é um
patrimônio que deve ser consolidado e ampliado.
* Gisálio Cerqueira Filho é ex-presidente do FoMERCO.
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