segunda-feira, 17 de setembro de 2012

FoMERCO e MERCOSUL

Gisálio Cerqueira Filho

Sob a presidência da Professora Ingrid Sarti (UFRJ), atualmente na UNILA (Universidade Federal da de Integração Latino-americana), reúne-se o Fórum Universitário Mercosul (FoMERCO) para o seu XIII Congresso Internacional. O tema do encontro será “Por uma integração ampliada da América do Sul no século XXI” e ocorrerá com os auspícios da Alta Representação Geral do Mercosul, associado ao Instituto Cultural BrasilUruguay (ICBU).
O encontro será acolhido pelo Centro de Formación para la Integración Regional (CEFIR) e pela Universidad de la República del Uruguay (Udelar), e será realizado no Edifício Sede do Mercosul, em Montevidéu, de 21 a 23 de novembro de 2012.
Em assim sendo, os preparativos para o congresso já estão ocorrendo e nos solicitam algumas palavras nesta hora crucial na região.
São muitas as questões a exigir reflexão e certamente as mais recentes são a suspensão do Paraguai e a entrada da Venezuela no MERCOSUL. Seguramente a evolução dos acontecimentos estará fortemente condicionada pelo processo eleitoral a acontecer em ambos os países e, sobretudo, o resultado eleitoral propriamente dito. A integração ampliada da América do Sul depende muito, com certeza, dos acontecimentos políticos antes do fim ano de 2012, inclusive o resultado eleitoral nos EUA.
Todavia, nossas reflexões, às vésperas dos diversos pleitos, concentram-se precisamente nas relações comerciais entre Brasil e Argentina. Ambos os países, esteios do Mercosul, passam por dificuldades e sofrimentos. A Argentina mira uma fase na economia que a compromete com barreiras comerciais que afetam decisivamente as exportações brasileiras. No cenário em marcha não se exclui a elevação das taxas de inflação e até a instabilidade política diante de múltiplas circunstâncias políticas que já começam a tomar forma. Recentemente as ruas de Buenos Aires foram tomadas por um panelaço e buzinaço que anunciam novas manifestações estrepitosas. E com acusações recíprocas das forças governistas e de oposição.
De abril a julho de 2012 as vendas do Brasil caíram US$ 6,1 bilhões sobre igual período de 2011 e tão somente os argentinos foram responsabilizados por  32 % da redução. Corresponde a US$ 1,96 bilhão das compras de produtos brasileiros. Comparativamente falando, a União Europeia, na presente situação de crise, importou menos 27% do total do tombo das vendas brasileiras.
A variação para baixo aconteceu em praticamente todas as categorias (bens duráveis, não duráveis, combustíveis, bens de capital e intermediários). As maiores perdas foram na indústria, sobretudo em bens de capital (-14%) e de bens de consumo duráveis (-12%), dos quais os principais compradores são os argentinos, com 60% do total exportado pelo Brasil.
Que a redução está relacionada a barreiras comerciais impostas pela Argentina não há dúvida. Todavia, muitos economistas dizem que isso se deve ao alvo argentino de encerrar o ano de 2012 com superávit comercial. A troca de produtos chineses pelos produtos brasileiros tem sido um verdadeiro achado na conjuntura econômica argentina. Dificuldades correntes de crédito internacional, o que não é o caso do Brasil, parece oferecer ao parceiro do Mercosul esta saída “chinesa”, que talvez ofereça oportunidade de ouro ou seja seria verdadeiramente um “negócio  da China”.
Todavia muitos sociólogos e cientistas políticos dizem que isso poderá minar a credibilidade da integração econômica e permitir fissuras no bloco.
Qualquer que seja a reflexão de natureza econômica ou mesmo comercial deve levar em consideração muito atenta as relações de confiança recíproca que foram alcançadas e que não devem ser lançadas ao mar. Esse é um patrimônio que deve ser consolidado e ampliado.

* Gisálio Cerqueira Filho é ex-presidente do FoMERCO.

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